Algumas varas tenkara, principalmente no caso de modelos feitos pelo mesmo fabricante, tem partes que são, digamos, intercambiáveis. Isso permite ao pescador fazer combinações com partes de duas varas diferentes resultando num terceiro e quarto modelo.
O resultado pode ser algo surpreendente ou não. Pelo sim, pelo não, resolvi experimentar com dois modelos que tenho aqui, as varas modelo Try 390 7:3 e Next 360 5:5.
No caso destas duas varas, as partes intercambiáveis são seções 1 e 2 que correspondem a ponta sólida (tip) e a seção subsequente. (Os fabricantes de varas tenkara contam os segmentos da ponteira pra baixo).
A diferença é sutil mas existe e modifica a maneira como a vara arremessa.
No caso do modelo Try, fabricada em 3 tamanhos (390, 360, 330) a ponteira é ligeiramente mais grossa e rígida do que no modelo Next 360.
O blank (corpo da vara) dos modelos try é mais rápido enquanto que no modelo Next é mais lento/suave.
Então, pra simplificar, temos uma linha de varas rápidas com ponteira mais grossa (Try) e outra de vara lenta/moderada com ponteira mais fina (Next).
Eu gosto muito da Next pela maneira como ela combate o peixe, por ser mais suave protege melhor o tippet e verga até o cabo numa briga com peixe de bom porte sem perder o controle. Uma sensação indescritível, só sabe que tem uma.
As varas como vem de fábrica são quase perfeitas mas as vezes o modelo Next sofre com o vento forte por justamente ser uma vara mais flexível e lenta. Se tiver que forçar o arremesso a combinação de blank lento com ponteira fina não consegue gerar boa velocidade de linha pra cortar o ar e apresentar a isca. O resultado é a linha caindo na água em voltas sobrepostas bem na sua frente.
O modelo Try é o top de linha do fabricante ( Tenkara Times ) . É uma vara que beira a perfeição, leve, rápida e suave ao mesmo tempo, os arremessos são precisos e fáceis de se fazer mesmo com vento.
No entanto descobri que intercambiando as duas seções da ponta com o modelo Next elas podem ficar ainda melhores. Bom, pelo menos pra minha situação de pesca ficaram.
O RESULTADO.
O modelo Next com a ponteira Try manteve a mesma ação no blank (5:5) porém com a ponteira ligeiramente mais rápida consegue gerar maior velocidade de linha e por isso ficou bem mais versátil agora. Já não preciso mais me preocupar tanto com as ventanias quando saio pra pescar com ela.
As varas modelo Try agora com a ponteira mais fina e blank rápido não perderam a precisão e ganharam até uma certa suavidade no arremesso. Agora, além de precisas, são também mais delicadas.
De fato eu gostei tanto do resultado dessa mistura (Try 390+Next 360) que deixei as ponteiras trocadas em definitivo e ainda adquiri junto ao fabricante o cabo (handle), da vara Try 360 no qual eu uso as mesmas seções da Try 390 (menos a 8ª seção) combinados com a ponteira da Next 360 tendo assim 3 combinações distintas (Try 390+Next 360, Try 360+ Try 390+Next 360 e Next 360 + Try 390)
Vale salientar que o que funciona pra mim não necessariamente atende outros pescadores em situações distintas de pesca mas quem quiser experimentar acredito que vai, no mínimo, agregar mais conhecimento a sua bagagem de pesca.
Boa pescaria a todos!
terça-feira, 20 de maio de 2014
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Tenkara a bordo!
1- Por que caiaque?
Minha forma favorita de pesca é o vadeio (a pé) usando equipamento de mosca ou tenkara. Porém, residindo numa região semi-árida o vadeio se resume a praias ao longo do ano e lagoas na estação seca pois há bem poucos rios pra se fazer tal prática. Existem ainda os manguezais mas nestes o vadeio é impossível pois só se pode acessar seus canais estando embarcado.
Nas praias, embora a prática seja possível, devido aos fortes ventos e grandes ondas o ambiente se mostra um tanto hostil e não muito produtivo. Nas lagoas e rios, os poucos pontos de vadeio sofrem pressão de pesca constante e se quisermos fazer capturas consistentes é preciso contar com a sorte ou se afastar em busca de locais remotos.
Por estes e outros motivos foi que optei pelo caiaque pra ampliar minhas opções de locais de pesca.
2- Motor elétrico X remo.
Eu não costumo remar meu caiaque. Como aqui venta muito remar e pescar são atividades que não combinam entre si. A solução foi equipar o caiaque com um motor elétrico de 44 libras.
Quando uso o equipamento tenkara fico com uma das mãos livres pra manobrar o motor enquanto com a outra vou arremessando e trabalhando a iscas. No caso da captura de um peixe grande o elétrico permite que eu me afaste rapidamente do capim na margem das lagoas ou das cracas e raízes quando pescando no mangue. Uma bateria de 65 Amp/h me garante um dia todo de pescaria.
Falando em mangue, sem o caiaque seria impossível ir atrás dos robalos e outras espécies que habitam esta águas. O caiaque permite além da aproximação silenciosa arremessos precisos entre as raízes que é crucial na pesca do robalo.
3 - Peixes.
Meus peixes alvo são quase invariavelmente o tucunaré em lagoas e o robalo nos mangues.
Outras espécies como os apaiari, traíras, caranhas e até tarpons podem aparecer inadvertidamente mas não são o foco principal das minhas investidas. Uma coisa boa sobre pescar estas duas espécie e que, apesar de ocuparem ambientes distintos, eles gostam das mesmas iscas e isso já facilita as coisas.
4-varas.
Testei vários modelos de varas tenkara com 2.40 até 4.20 m e após algum tempo minha escolha pessoal
tem recaído sobre varas com 3.00 á 3.60 metros. A varas maiores eu deixo pro vadeio em locais mais abertos e as menores pra os locais mais fechados. Gosto de varas rápidas (7:3 or 6:4) pois elas funcionam melhor em situação de vento. Mas as 5:5 valorizam a briga com peixes menores e ajudam a proteger tippets delicados. Normalmente levo pelo menos duas varas com ações diferentes e vou variando seu uso de acordo com o que a situação exige.
5- linhas.
Também fiz muitas experiências com diversos tipos de linha e atualmente minha preferência recai sobre as flutuantes feitas com running lines (cobertura de pvc) . Em situações de vento extremo ou no caso de querer usar uma isca bem no fundo posso optar pela linha de titânio.
Quanto ao tamanho gosto de usar linhas curtas com o mesmo tamanho da vara ou um poco menor. O tippet 4 ou 5X (0.18 ou 0.15 mm) tem entre 60 e 90 cm e, no caso da pesca do robalo, eu adiciono um shock tippet (empate) de fluorocarbono 14 lbs com cerca de 20 cm.
6- iscas.
Como citei no paragrafo sobre peixes, robalos e tucunarés tem preferências muito parecidas quando se trata de iscas. Minhas favoritas (e dos peixes também) são as de superfície como os gurglers, divers e poppers.
Mas em algumas situações particulares os streamers e até mesmo algumas ninfas podem fazer toda a diferença.
Os tamanhos de isca variam do #8 ou #10 no caso de streamers e iscas de superfície, e do #12 ou menores pra ninfas e congêneres.
Vale citar que as ninfas só uso em ambiente lacustre ou rios. No mangue elas parecem não surtir efeito.
Minha forma favorita de pesca é o vadeio (a pé) usando equipamento de mosca ou tenkara. Porém, residindo numa região semi-árida o vadeio se resume a praias ao longo do ano e lagoas na estação seca pois há bem poucos rios pra se fazer tal prática. Existem ainda os manguezais mas nestes o vadeio é impossível pois só se pode acessar seus canais estando embarcado.
Nas praias, embora a prática seja possível, devido aos fortes ventos e grandes ondas o ambiente se mostra um tanto hostil e não muito produtivo. Nas lagoas e rios, os poucos pontos de vadeio sofrem pressão de pesca constante e se quisermos fazer capturas consistentes é preciso contar com a sorte ou se afastar em busca de locais remotos.
Por estes e outros motivos foi que optei pelo caiaque pra ampliar minhas opções de locais de pesca.
2- Motor elétrico X remo.
Eu não costumo remar meu caiaque. Como aqui venta muito remar e pescar são atividades que não combinam entre si. A solução foi equipar o caiaque com um motor elétrico de 44 libras.
Quando uso o equipamento tenkara fico com uma das mãos livres pra manobrar o motor enquanto com a outra vou arremessando e trabalhando a iscas. No caso da captura de um peixe grande o elétrico permite que eu me afaste rapidamente do capim na margem das lagoas ou das cracas e raízes quando pescando no mangue. Uma bateria de 65 Amp/h me garante um dia todo de pescaria.
Falando em mangue, sem o caiaque seria impossível ir atrás dos robalos e outras espécies que habitam esta águas. O caiaque permite além da aproximação silenciosa arremessos precisos entre as raízes que é crucial na pesca do robalo.
3 - Peixes.
Meus peixes alvo são quase invariavelmente o tucunaré em lagoas e o robalo nos mangues.
Outras espécies como os apaiari, traíras, caranhas e até tarpons podem aparecer inadvertidamente mas não são o foco principal das minhas investidas. Uma coisa boa sobre pescar estas duas espécie e que, apesar de ocuparem ambientes distintos, eles gostam das mesmas iscas e isso já facilita as coisas.
4-varas.
Testei vários modelos de varas tenkara com 2.40 até 4.20 m e após algum tempo minha escolha pessoal
tem recaído sobre varas com 3.00 á 3.60 metros. A varas maiores eu deixo pro vadeio em locais mais abertos e as menores pra os locais mais fechados. Gosto de varas rápidas (7:3 or 6:4) pois elas funcionam melhor em situação de vento. Mas as 5:5 valorizam a briga com peixes menores e ajudam a proteger tippets delicados. Normalmente levo pelo menos duas varas com ações diferentes e vou variando seu uso de acordo com o que a situação exige.
5- linhas.
Também fiz muitas experiências com diversos tipos de linha e atualmente minha preferência recai sobre as flutuantes feitas com running lines (cobertura de pvc) . Em situações de vento extremo ou no caso de querer usar uma isca bem no fundo posso optar pela linha de titânio.
Quanto ao tamanho gosto de usar linhas curtas com o mesmo tamanho da vara ou um poco menor. O tippet 4 ou 5X (0.18 ou 0.15 mm) tem entre 60 e 90 cm e, no caso da pesca do robalo, eu adiciono um shock tippet (empate) de fluorocarbono 14 lbs com cerca de 20 cm.
6- iscas.
Como citei no paragrafo sobre peixes, robalos e tucunarés tem preferências muito parecidas quando se trata de iscas. Minhas favoritas (e dos peixes também) são as de superfície como os gurglers, divers e poppers.
Mas em algumas situações particulares os streamers e até mesmo algumas ninfas podem fazer toda a diferença.
Os tamanhos de isca variam do #8 ou #10 no caso de streamers e iscas de superfície, e do #12 ou menores pra ninfas e congêneres.
Vale citar que as ninfas só uso em ambiente lacustre ou rios. No mangue elas parecem não surtir efeito.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Hackle reverso, por quê?
![]() |
imagem de Tenkara Times |
É fato que nem todas as kebaris são atadas assim mas a maioria delas (sakasa kebari)
são... vamos tentar entender os porquês.
1- Facilidade/velocidade de execução.
Nos tempo idos onde morsa era um luxo que não existia e, mesmo se existisse, provavelmente
os pescadores muito humildes que criaram a modalidade não teriam como comprar uma.
Atar segurando o anzol nas mão era a prática comum a época e desta maneira particular provou ser a mais eficiente.
2- Volume.
Pescando em correnteza volume/visibilidade era o mais importante já que neste ambiente o peixe não tem muito tempo
pra analisar o que está passando a sua frente.
3- Movimento.
As mosca ocidentais em sua maioria foram criadas tendo em mente a estética, imitar ou simular um inseto.
Já as kebari foram pensadas tendo em mente o movimento "pulsátil" proporcionado pelas cerdas quando tracionadas
ou submetidas aos movimento das corrente.
A estes 3 motivos acima citados no blog eu adiciono um 4º...
-Manter a linha esticada!
Quando se usa uma kebari o formato das certas naturalmente oferece maior resistência ao fluxo da água (já testei isso na prática).
Quando se pesca um peixe manhoso que pode colocar a isca na boca e cuspi-la em milesegundos manter a linha o mais tensa possível é a melhor maneira de se detectar uma pegada sútil e garantir a ferrada.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
Salt-Kara!
![]() |
Baby-tarpon |
Não resido num local montanhoso com riachos de águas correntes e cristalinas cheios de trutas que é o ambinete natural desta modalidade.
Resido no litoral do RN, um ambiente bem hostil a modaliade que prega o uso de linha leve e isca leve pra se fazer uma apresentação perfeita.
Embora inspirado e fortemente influenciado pelo sistema japonês a regra aqui é re-adaptar.
Além da ausência de rios, o mar e suas ondas (pra não falar no vento forte e constante), arruína qualquer tipo de apresentação sutil e delicada.
Tenho pescado nos mangues e mais recentemente com alguns amigos e novos adeptos da modalidade em praias, molhes e arrecifes. Estamos na fase de experimentos. experimentando linhas, iscas, varas e novas maneiras de apresentar as iscas aos peixes.
A prática que fazemos aqui, na praia e mangues, não é tenkara como querem os mestres japoneses, mas continuo chamando por este nome por respeito a minha fonte de inspiração e também por falta de um termo melhor que se aplique ao caso.
Minhas primeiras capturas no ambiente litorâneo foram os robalos e baby tarpons e eles serviram pra me abrir olhos pra o potencial do sistema de pesca com linha fixa usando moscas.
Depois peguei alguns peixes comuns as praias como os pampos e xereletes. Mais recentemente as agulhas, sardinhas e até mesmo corcorocas que serviram pra fortalecer a ideia de um novo horizonte dentro desta modalidade.
Não sei bem que caminho isso vai tomar mas as primeiras experiencias tem sido recompensadoras e por isso vislumbro um futuro, quiça, promissor... Amén!
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Segue um vídeo pra inspirar os iniciantes ou aspirantes
Algumas fotos salt-water:
sábado, 3 de agosto de 2013
Tenkara ou keyriu, linha leve ou linha pesada?
Tenkara = Caído do céu.
Me sinto na obrigação de abrir esta publicação pra esclarecer uma pequena sutileza sobre a pesca em rios de montanha no Japão que deixa mais ou menos claro o por que da confusão no uso de linhas no equipamento tenkara.
Tenkara, mais do que um equipamento, é uma técnica que prevê o uso de linhas leves combinadas com iscas leves. O que define a modalidade é a técnica não necessariamente o equipamento.
Por isso se pode praticar tenkara com vara Keiryu, seyriu ou até mesmo uma cabo de vassoura.Mas, normalmente, varas projetadas pra usar essa técnica específica sempre terão melhor performance.
-Mas Blatt, então por que tem gente usando running line, shooting line, e até linha de fly
como linha tenkara????
-Bom, por 3 motivos:
1- Falta de conhecimento sobre como e onde a modalidade é praticada e de como as varas são projetadas;
2- Uma idéia falsa de que vara tenkara é igual a vara de fly ocidental só que sem carretilha;
3- Um truque que alguns fabricantes de varas tenkara usam pra baratear seus custos de produção.
- Blatt, e o que isso tem a ver o com o título deste post ??
- Tudo. Explico.
No Japão varas tenkara são projetadas pra se pescar em rios de montanha com muita correnteza.
Por isso a técnica tenkara faz uso de uma linha muito leve e longa que não sofre ação da gravidade, mas é capaz de levar no arremesso uma mosca (kebari) leve até a outra margem sem tocar a correnteza no meio do rio. A mosca e o tippet pousam na água próximo a outra margem mas a linha fica suspensa no ar entre a ponta da vara e o tippet fazendo uma apresentação perfeita, natural, com quase nem um arrasto como se tivesse "caido do céu"!
Se fosse usada uma linha pesada como a de fly nessa situação se perderia a apresentação, ou teria que se fazer "mends" (reposicionamento) constante da linha com a ponta da vara pra tentar compensar o arrasto que a correnteza provocaria na linha e subsequentemente na isca.
Este é o principio da técnica tenkara e é a partir dele que as varas são projetadas com pontas finas e delicadas pra poder arremessar linhas leves e também proteger tippets delicados na briga com o peixe correnteza abaixo.
- Tá, Blatt, mas e as Keyriu?
- Bom, aí entra o item 3.
As varas keiryu são projetadas pra se pescar nos mesmos rios e pegar os mesmo peixes que as tenkara mas com um diferencial importante: A isca!
Equanto varas tenkara arremessam moscas, keyriu usam anzois iscados com isca natural e pequenos chumbos pra afundar esta iscas nos poços
dos rios de montanha. Por este motivo as varas keiryu tem pontas ligeiramente mais rígidas, tanto pra suportar o maior peso dos chumbos quanto pra garantir uma fisgada firme no fundo.
Por terem um projeto menos refinado as keyriu também custam menos (as vezes muito menos), do que as vara tenkara. E, embora de modo geral elas sejam mais "duras" que as tenkara, ainda são capazes de arremessar uma linha leve e fazer uma apresentação delicada.
Por isso os blanks keiryu muitas vezes são usados pra fabricar varas tenkara mais baratas.
Tendo a ponta mais rápida e dura elas suportam melhor a carga de linhas pesadas e em alguns casos arremessam estas linhas tão bem quanto uma vara de fly ocidental.
Por conta dessas sutis diferenças é que se faz tanta confusão sobre quais as linhas ideais pra se usar nesta ou naquela vara.
Então sempre que possível siga a recomendação do fabricante. Se este recomendar linhas trançadas há grandes chances de que sua vara vai suportar o peso de uma running line. No entanto se o fabricante recomendar apenas linha level melhor não apelar pra linhas mais pesadas.
Abraço e boas pescarias!

Tenkara, mais do que um equipamento, é uma técnica que prevê o uso de linhas leves combinadas com iscas leves. O que define a modalidade é a técnica não necessariamente o equipamento.
Por isso se pode praticar tenkara com vara Keiryu, seyriu ou até mesmo uma cabo de vassoura.Mas, normalmente, varas projetadas pra usar essa técnica específica sempre terão melhor performance.
-Mas Blatt, então por que tem gente usando running line, shooting line, e até linha de fly
como linha tenkara????
-Bom, por 3 motivos:
1- Falta de conhecimento sobre como e onde a modalidade é praticada e de como as varas são projetadas;
2- Uma idéia falsa de que vara tenkara é igual a vara de fly ocidental só que sem carretilha;
3- Um truque que alguns fabricantes de varas tenkara usam pra baratear seus custos de produção.
- Blatt, e o que isso tem a ver o com o título deste post ??
- Tudo. Explico.
No Japão varas tenkara são projetadas pra se pescar em rios de montanha com muita correnteza.
Por isso a técnica tenkara faz uso de uma linha muito leve e longa que não sofre ação da gravidade, mas é capaz de levar no arremesso uma mosca (kebari) leve até a outra margem sem tocar a correnteza no meio do rio. A mosca e o tippet pousam na água próximo a outra margem mas a linha fica suspensa no ar entre a ponta da vara e o tippet fazendo uma apresentação perfeita, natural, com quase nem um arrasto como se tivesse "caido do céu"!
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A linha tenkara, a esquerda, fica suspensa no ar entre a ponta da vara e a isca sem tocar a correnteza evitando o arrasto. |
Se fosse usada uma linha pesada como a de fly nessa situação se perderia a apresentação, ou teria que se fazer "mends" (reposicionamento) constante da linha com a ponta da vara pra tentar compensar o arrasto que a correnteza provocaria na linha e subsequentemente na isca.
Este é o principio da técnica tenkara e é a partir dele que as varas são projetadas com pontas finas e delicadas pra poder arremessar linhas leves e também proteger tippets delicados na briga com o peixe correnteza abaixo.
- Tá, Blatt, mas e as Keyriu?
- Bom, aí entra o item 3.
As varas keiryu são projetadas pra se pescar nos mesmos rios e pegar os mesmo peixes que as tenkara mas com um diferencial importante: A isca!
Equanto varas tenkara arremessam moscas, keyriu usam anzois iscados com isca natural e pequenos chumbos pra afundar esta iscas nos poços
dos rios de montanha. Por este motivo as varas keiryu tem pontas ligeiramente mais rígidas, tanto pra suportar o maior peso dos chumbos quanto pra garantir uma fisgada firme no fundo.
Por terem um projeto menos refinado as keyriu também custam menos (as vezes muito menos), do que as vara tenkara. E, embora de modo geral elas sejam mais "duras" que as tenkara, ainda são capazes de arremessar uma linha leve e fazer uma apresentação delicada.
Por isso os blanks keiryu muitas vezes são usados pra fabricar varas tenkara mais baratas.
Tendo a ponta mais rápida e dura elas suportam melhor a carga de linhas pesadas e em alguns casos arremessam estas linhas tão bem quanto uma vara de fly ocidental.
Por conta dessas sutis diferenças é que se faz tanta confusão sobre quais as linhas ideais pra se usar nesta ou naquela vara.
Então sempre que possível siga a recomendação do fabricante. Se este recomendar linhas trançadas há grandes chances de que sua vara vai suportar o peso de uma running line. No entanto se o fabricante recomendar apenas linha level melhor não apelar pra linhas mais pesadas.
Abraço e boas pescarias!
domingo, 26 de maio de 2013
Linhas tenkara
Linhas tenkara é um assunto bem vasto pelo fato de praticamente qualquer fio, arame, cordão, fibra natural ou sintética poder ser usada pra esta finalidade; a de ligar a vara a isca.
Claro que durante séculos de experiências e aprimoramentos se chegou aquelas poucas consagradas como as melhores e, pra não me alongar muito, e destas poucas q vou tratar aqui.
Perfil: Existem dois tipos básicos, as tapered (afuniladas ou cônicas), e as level (retas).
Vou tratar primeiro das tapered.
Furled (torcidas).
![]() |
http://streamsideleaders.com |
As linhas torcidas são clássicas na modalidade tenkara, provavelmente as mais antigas e ainda em uso atualmente. Os material usado na sua confecção pode ser crina de cavalo, mono filamento, flúor carbono e kevlar. Estas linhas tem um afunilamento cônico mais grosso na seção traseira e mais fino na parte dianteira onde se ata o tippet. Ainda na seção traseira normalmente tem uma laçada feita de dacron ou multi filamento que é usada pra unir a linha a vara através de um nó chamado de girth hitch (escreverei sobre nós específicos mais adiante). Também existe a versão PF (peso a frente) que é trançada de modo a concentrar o peso da linha mais na parte dianteira imitando uma linha WF do fly tradicional. Mas de modo geral a versão clássica (grossa atrás, fina na frente) é a mais usada. Estas linhas tem como característica uma apresentação muito suave, perfeita pra se usar com moscas pequenas e leves em locais com pouco ou nem um vento.
Knoted / hand tied (cônicas com nó feitas a mão)
Ainda dentro das linhas de perfil cônico existem a linhas feitas com seções de bitolas e tamanhos variados de mono filamento ou nylon atados uns aos outros em sequência decrescente, que seguem mais ou menos a mesma formula dos líderes usados com linhas de fly. O diferencial é que na tenkara este líderes são usados como linha principal por isso são em média mais longos e podem ser na seção traseira mais grossos que os congêneres usados na pesca com mosca
Level (retas)
![]() |
http://www.tenkarabum.com |
As linhas level representam um avanço no que tange o uso de linhas nesta modalidade. São as linhas mais práticas e versáteis de se usar pois podem ser feitas a partir de qualquer filamento comercial a venda em lojas de pesca como nylon ou flúor carbono. Destes dois o flúor carbono se mostra a melhor, ou pelo menos, a mais largamente usada. As linhas retas (level) são leves e relativamente baratas pois não exigem nem uma tecnologia ou conhecimento extra pra ser confeccionadas. Basta tirar do carretel um pedaço do tamanho adequado a sua vara, ata-lo a ela, adicionar o tippet, isca e se está pronto pra pescar.
Outra característica é que, ao contrário das furled, pode-se fazer emendas na linha level de modo a deixa-las mais longas. Basta fazer um loop (laçada) na parte traseira da linha e entrelaçar com mais outro pedaço de um ou dois metros da mesma linha. As linhas level de flúor carbono são mais usadas por serem mais densas (mais peso e menor volume) que as de mono filamento (nylon poliamida). Por serem mais densas arremessam melhor do que as de nylon ou as torcidas em situações de vento brando. Também são boa opção pra quem quer pescar com ninfas pois afundam mais rápido que as de mono filamento.
Outras opções
Ainda dentro das linhas level também existe a opção de se usar em varas tenkara muito rápidas (7:3) ou mais rígidas feitas com blanks keyriu,
as running line do fly tradicional. As running line são normalmente feitas de dacron ou monofilamento revestido de PVC e são flutuantes. estas linhas são ótima opção pra se pescar iscas pequenas, médias e grandes na superfície de rios e lagos com situação de vento brando ou moderado.
Titânio
![]() |
Tenkara Times Ti line |
Estas linhas (arames?) são feitas de liga de titânio (normalmente níquel-titânio). É praticamente o mesmo arame flexível usado como empate (shock tippet ou bite guard). No caso do uso específico como linha tenkara pode se dizer que é um tipo de linha level (reta) especializada pra se usar em situação de vento forte. Já li relatos de pescadores usando elas em ventos de até 30 nós ( aprox. 55 km/h)! São muito finas (+- 0.20 mm) e densas por isso conseguem cortar o vento e levar a isca até o alvo. Também são muito sensíveis e afundam relativamente rápido então são boa opção pra se "ninfar".
Por serem muito finas são praticamente invisíveis e se torna necessário atar ao final dela (entre a linha e o tippet) um pedaço de nylon colorido que vai funcionar como "detector de fisgada". O uso dessa porção de nylon pra alguns pescadores é dispensável pelo fato da linha (arame) ser extremamente sensível e transmitir o mais leve sinal de batida de peixe até a vara.
Boas pescarias.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
Kebari!
Num dos posts anteriores explanei minha visão sobre o por que considero tenkara pesca com mosca. Recapitulando: Pra mim o que da nome a modalidade é o tipo de isca atada na ponta da linha.
Se você usa carretilha de bait, vara de bait, boia de arremesso pra arremessar uma mosca (fly) você está pescando COM mosca usando equipamento de bait.
![]() |
Kebari (mosca) ? Não mesmo. Use por sua conta e risco! |
No entanto apesar de considerar estas experiências válidas tenho que fazer uma advertência; o melhor desempenho de um equipamento se dá quando usamos nele as iscas para o qual ele foi projetado.
Varas tenkara foram desenvolvidas com o propósito de
pescar usando moscas artesanais (fly), e embora existam alguns malucos fazendo todo tipo de experimento com estas varas usando iscas as mais diversas (inclusive plugs). O melhor desempenho delas em relação a arremesso e apresentação sempre será usando moscas.
Ah, agora sim, Kebari, mais simples impossivel! |
As iscas desenvolvidas pra tenkara no japão medieval são usadas até hoje e conhecidas com Kebari. São iscas extremamente simples, bonitas, e fáceis de atar. Pra o ambiente de riachos serranos e trutas de lá elas são quase imbatíveis na eficiência.
No entanto aqui no Brasil temos muitos outros peixes além da truta e por isso não precisamos limitar nossas opções de moscas as kebari. Ainda que elas possam se mostrar eficientes pra alguns de nossos peixes como o lambarí, tilápia e similares, todas as outras iscas usadas na pesca com mosca ocidental (fly fishing), como Elk-hair-caddis e outras moscas secas, ninfas, streamers, poppers, atractors e terestrials, podem ser usadas desde que respeitando um certo tamanho de anzol que idealmente não ultrapasse o número #6. Embora eu saiba de algumas pessoas que usam anzóis até o tamanho #2 considero que estes anzóis grandes demais, principalmente em situação de vento, se tornam um transtorno pra arremessar.
Então é isso, a opção de iscas é simples e você não precisa estudar japonês pra praticar tenkara. escolha as moscas ou kebaris de acordo com o hábito alimentar dos peixes que você pesca habitualmente.
Use um anzol de tamanho razoável visando sempre a melhor apresentação e arremesso.
lembre-se que tenkara é projetada pra peixes menores então use sempre tippet fino; melhor perder uma mosca do que quebrar o equipamento.
Boas pescarias.
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